Encontro Regional Norte-Noroeste discute empregabilidade
5 de abril de 2016
A Força RJ realizou, durante todo o dia 31 de março, o primeiro de cinco Encontros Regionais, previstos para acontecer até novembro deste ano. Sob coordenação do secretário para a Região Norte e Noroeste do estado, João Paulo Cunha, sindicalistas e trabalhadores discutiram o “Desenvolvimento Regional e Empregabilidade – Perspectivas dos investimentos no mundo do trabalho diante da realidade socioeconômica no Norte-Noroeste Fluminense”.
O encontro ocupou o auditório da Faculdade de Direito da UNIFLU (Centro Universitário Fluminense), em Campos, e contou com a participação do secretário de Desenvolvimento Econômico do município, Orlando Portugal; do coordenador do Grupo de Pesquisa Interinstitucional de Desenvolvimento Municipal/Regional (GPIDMR-UENF/UNIFLU), Auner Pereira Carneiro; do economista Alcimar das Chagas Ribeiro, também do GPIDMR; do professor de Ciências Sociais, Hélio Coelho de Freitas; do consultor do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Paulo Clébio do Nascimento; e da técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Jéssica Naime, tendo como mediador o vice-presidente da Força RJ e presidente da Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico RJ, Isaac Wallace.
O encontro foi aberto pelo vice-presidente da Força RJ, Marco Antônio Lagos, o Marquinho da Força, que representou o presidente Carlos Fidalgo. Marquinho pediu um minuto de silêncio a todos em homenagem a Francisco Dal Prá, idealizador dos encontros por região, que, segundo Marquinho, vão, como no Norte e Noroeste Fluminense, reunir lideranças dos diversos segmentos sociais para mapear os reflexos dos problemas do país regionalmente, identificar as demandas e buscar alternativas para o crescimento.
O secretário geral da Força RJ, David de Souza, ressaltou que quem mais sofre com a crise são os trabalhadores e que a Força Sindical começou o debate justamente pela região onde se encontram as reservas de petróleo, principal riqueza econômica do estado.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Campos, Humberto Nobre, disse ser gratificante ver uma central sindical preocupada em discutir empregabilidade diante da crise que a sociedade enfrenta e se colocou à disposição para ajudar no que for preciso.
Já o professor Auler Carneiro enfatizou que todos precisam estudar novas fórmulas e compartilhá-las com a sociedade. “Precisamos entrar no caminho das novas ideias. A UNIFLU, com apoio da UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense), criou um grupo, formado por professores graduados e pós-graduados e representantes de diferentes segmentos da sociedade, para transformar indignação em estudo formal. Não precisa estar matriculado na universidade. Basta reunir demandas e trazer proposições”, convidou Auler, explicando o trabalho realizado pelo Grupo de Pesquisa Interinstitucional de Desenvolvimento Municipal/Regional, que se reúne toda a primeira terça-feira do mês, pela manhã, quase em frente à Escola de Música de Campos.
Causas do desemprego
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campos e secretário da Força RJ para o Norte e Noroeste do estado, João Paulo Cunha, abriu as discussões, apresentando algumas causas para o desemprego na região: a baixa qualificação do trabalhador, que muitas vezes não possui formação adequada para ocupar vagas no mercado de trabalho; a substituição de mão de obra por máquinas; a crise política econômica, já que as empresas demitem como forma de diminuir custos para enfrentar adversidades; a opção por mão de obra mais barata, como a chinesa, para projetos em execução pela Petrobras, entre outras. Como resultado, segundo João Paulo, o setor metalúrgico perdeu 40% de sua base na região.
Para o professor de Engenharia de Produção, o economista Alcimar Ribeiro, o Rio de Janeiro navegou numa onda de grandes investimentos que chegaram com o setor de petróleo e gás, como o Porto do Açu, que trouxe opulência, mas nem o país nem o estado souberam aproveitar isso para fortalecer a economia. “Ficamos na grande dependência do petróleo e commodities e não fortalecemos a indústria. Os governos não fizeram investimentos nem em avanços tecnológicos nem na redução de dependência que temos de importações”, analisou Alcimar.
Para ele, os megaprojetos não são a melhor saída para redistribuição de renda e desenvolvimento local, mas a identificação das vocações regionais e atividades por territórios, com integração dos produtores por interesses comuns, o que vai gerar maior poder de organização, competitividade e resgate da confiança.
Campos e a rota do desenvolvimento
Mas o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Orlando Portugal, informou que o Porto do Açu, maior porto de offshore da América Latina, e investimentos em infra-estrutura para facilitar o acesso ao porto, continuam sendo cartas na manga pra alavancar o crescimento na região. “Depois do petróleo, somos fortes em comércio e serviços. Agropecuária, pesca e extração vegetal são de pequena expressão e ainda carecem de incentivos”, admitiu.
E passou a enumerar investimentos como o complexo logístico e industrial do Farol da Barra do Furado, a ampliação do Aeroporto Bartolomeu Lisandro, a ferrovia EF 118 (que ligará o porto de Vitória ao do Rio, passando por Açu e Barra do Furado) e a duplicação da BR 101, com novo traçado, como “a transformação que fará de Campos pólo regional de desenvolvimento”. “Hoje, onze empresas atuam no Porto do Açu, mas apenas 16% dos produtos e serviços comprados pelo porto são de Campos. Nossas empresas precisam estar preparadas para atender essa demanda”, concluiu Orlando Portugal.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Campos parabenizou a Força Sindical RJ pela iniciativa. “O Fórum é muito importante, mas que ele tenha uma rotina. Que envolva, por exemplo, gestores de outros municípios, o Sistema S, Firjan, Cedae, INEA, para que possamos discutir nossos entraves e buscar saídas”, ponderou Portugal.
Já o professor de Ciências Sociais Hélio Coelho de Freitas, presidente da Academia Campista de Letras, analisou os novos desafios do movimento sindical frente à crise de representatividade. Para ele, “ninguém faz acordo com quem está fraco”. “É possível construir uma outra sociedade, se os movimentos sociais organizados e trabalhadores se unirem. A classe dos que vivem do trabalho é bem maior do que a classe dos que vivem da exploração de quem trabalha. Está na hora de juntar todos os que vivem do trabalho para criar uma sociedade nova, mais justa e solidária”, afirmou.
Empregabilidade e empreendedor
Na visão do consultor do Sebrae Paulo Clébio do Nascimento, não há empregabilidade sem empreendedor. Ele acredita que para enfrentar a perda de emprego, é preciso criar novas oportunidades. “Todos os impérios se fizeram diante do caos. É preciso vencer o medo. É hora de rever negócios, cortar custos e lutar pela sobrevivência das empresas existentes. Os líderes precisam estar treinados, se capacitar para as novas oportunidades regionais. É preciso acreditar em novas perspectivas. O Sebrae faz estudos de análises regionais, que podem ajudar a identificar as necessidades da região para micro e pequenos negócios”, ressaltou.
E a técnica do Dieese, Jéssica Naime, além de analisar estatísticas do desenvolvimento econômico por setores no estado e na região, nos últimos anos, pontuou as razões da estagnação e os desafios a serem superados. Entre as razões da estagnação, segundo ela, estão a crise mundial (principalmente na Europa); a queda do investimento, principalmente na indústria; elevado nível de incerteza; taxa de juros elevada e taxa de câmbio valorizada e uma parcela expressiva do consumo suprida por importações.
Jéssica Naime afirmou que entre os principais desafios a serem superados pelo movimento sindical no enfrentamento da crise, está a unidade da classe trabalhadora para resistir às investidas contra direitos. “Tramitam hoje no Congresso 55 PLs (projetos de lei) que retiram direitos, segundo levantamento do DIAP. Existe um rolo compressor montado e, se não houver uma estratégia dos movimentos sindical e social, ele vai passar”, alertou Jéssica.
Conheça aqui o levantamento do DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) sobre direitos sociais e trabalhistas ameaçados.
Por Rose Maria, Assessoria de Imprensa.
Fotos Rose Maria.
Marcelo Peres
Secretaria de Imprensa e Comunicação
Força Sindical do Estado do RJ