Terceirização da mão de obra em postos de combustíveis pode afetar as vendas
17 de agosto de 2016
Para a economista Jéssica Naime, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a proposta de terceirização em tramitação no Congresso Nacional vai precarizar ainda mais a mão de obra no Brasil. Em palestra, na semana passada, para os diretores dos Sindicatos dos Frentistas do Rio de Janeiro, Campos dos Goytacazes e Niterói, ela disse que a terceirização infelizmente é uma dura realidade, praticada principalmente em setores onde as atividades são periculosas, como postos de combustíveis e elétrico.
Segundo Jéssica Naime, estudo elaborado pelo Dieese sobre o setor elétrico mostra que 90% das mortes nos acidentes de trabalho são de funcionários terceirizados. Ela disse que a terceirização no setor elétrico teve início com a privatização das empresas. O número de terceirizados no setor elétrico é maior que os de funcionários próprios das empresas. Do total de empregados, 55% são terceirizados.
Para ela, a terceirização tem como objetivo desmobilizar a classe trabalhadora. Os empregados próprios, historicamente, têm mais condições de resistir a ameaças aos direitos trabalhistas. As empresas terceirizam os departamentos para fazer o ajuste de custo e cortam investimentos na segurança e na saúde no ambiente laboral.
A economista afirmou que as grandes vítimas da terceirização são os trabalhadores e os consumidores. As empresas adequam seus lucros com a precarização da mão de obra e o consumidor perde na qualidade do serviço.
Postos de combustíveis
No setor de revenda de combustíveis no varejo, a terceirização é maior nos postos de bandeira branca. A disputa acirrada das distribuidoras pelo mercado de combustível obriga essas empresas a oferecerem vantagens para fechar parcerias com os postos. A principal delas é o treinamento de funcionários – seja para atender a NR 20 ou para garantir que se tenha à frente do posto um trabalhador treinado para comercializar os produtos.
Jéssica Naime destacou que a terceirização da atividade-fim no posto de combustível pode comprometer a relação com o distribuidor e afetar as vendas.
Projeto
O projeto foi aprovado pela Câmara, no início do ano passado, permitindo que empresas privadas contratem funcionários terceirizados para qualquer tipo de atividade.
Antes de seguir para o Senado, onde tramita ainda, o texto recebeu alterações como a que esclarecia que podem ser contratadas como terceirizadas cooperativas, empresas individuais, sociedades e fundações.
Conforme levantamento feito pelo Dieese, apesar dos ajustes feitos em 2014 e 2015 pelas principais centrais sindicais para fechar alguns pontos comuns sobre a terceirização, o movimento sindical ainda está dividido sobre a questão.
Assessoria de Imprensa Sinpospetro-RJ
Foto: Divulgação
Marcelo Peres
Secretário de Imprensa e Comunicação Força RJ