Centro de Memória Sindical lança revista e vídeos que retratam os 100 anos da primeira greve geral brasileira
21 de novembro de 2017
Em 2017, a equipe do Centro de Memória Sindical (CMS) se dedicou a resgatar a memória da Greve Geral de 1917, considerada a primeira Greve Geral do Brasil. Uma revista, sob o título “100 Anos da primeira Greve Geral do Brasil” foi lançada no final de outubro, na sede do Dieese, em São Paulo. E várias entrevistas que analisam e contam a história do movimento e suas consequências para o sindicalismo no país podem ser encontradas no site do CMS.
“Mais do que relatar a greve, suas causas, reivindicações, resultados, buscaremos, tanto quanto possível, contextualizá-la, levantando informações sobre a situação social em que viviam os trabalhadores e sobre a situação internacional, marcada pela Primeira Guerra Mundial e pela Revolução Russa”, explica Carolina Maria Ruy, coordenadora do CMS.
No texto de abertura que apresenta a revista, os pesquisadores explicam que a greve ocorreu no período de formação da classe trabalhadora urbana, nos primórdios da industrialização brasileira, num grande processo de chegada de imigrantes europeus ao Brasil, poucas décadas depois da abolição da escravatura. Destacam a bibliografia consultada, como entrevistas feitas com os jornalistas José Luiz Del Roio e João Guilherme Vargas Neto, e os historiadores Glaucia Fraccaro e Airton Fernandes.
Outra fonte de pesquisa foi a tese de mestrado “Nos fios de uma trama esquecida: a indústria têxtil paulista nas décadas pós-depressão, 1929-1950”, de 2006, do historiador Felipe Pereira Loureiro, que apresenta um panorama da situação dos trabalhadores no início do século 20. Segundo Loureiro, três elementos caracterizaram as relações de trabalho naquele período: o emprego de mulheres e menores em grande escala; as precárias condições de trabalho no interior das fábricas e a resistência da burguesia na concessão de benefícios mínimos para o proletariado.
Ainda de acordo com o autor, “estas condições geravam revoltas entre os operários e, para conte-los, foram criadas diversas leis através da Comissão de Legislação Social da Câmara dos Deputados, como a Lei de Férias, de 1925, que garantia quinze dias de descanso remunerado, e o Código do Menor, de 1926, que proibia o trabalho de menores de quatorze anos e limitava a jornada para seis horas diárias, proibindo o trabalho noturno para quem tinha entre quatorze e dezoito anos”, diz a revista.
Apesar da pressão patronal o governo manteve as leis citadas, ao menos até a Revolução de outubro de 1930. Entretanto o governo e os industriais, em sua maioria, negligenciaram sua aplicação e fiscalização.
Assim, remonta-se, a partir dos fatos sociais que desencadearam a greve geral e suas consequências, os direitos trabalhistas duramente conquistados, e que, hoje, são ameaçados pela reforma trabalhista, que acaba de entrar em vigor.
Interessados em adquirir a revista podem entrar em contato diretamente com o CMS pelo (11) 3227-4410 ou pelo e-mail contato@memoriasindical.com.br.
Por Rose Maria, Assessoria de Imprensa
Foto: Divulgação CMS
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