Lições de 2012
18 de janeiro de 2013
2012 chegou ao fim e, com certeza, o que mais nos chamou a atenção foi o histórico julgamento dos envolvidos no escândalo de compra de parlamentares pela cúpula do governo, chamado de “mensalão”. Nele, se sobressaiu não só a independência do Judiciário frente aos outros Poderes, mas a figura de um juiz negro, de origem humilde, que encantou o país com sua simplicidade e seriedade, o ministro Joaquim Barbosa, agora presidente da Suprema Corte do país. O julgamento do mensalão foi a prova do amadurecimento das nossas instituições e da consolidação do processo democrático, que precisa não só de poderes independentes mas de liberdade de imprensa para se fortalecer e prosperar.
Mas democracia não se faz só com liberdade de expressão e respeito às instituições. A verdadeira democracia se faz, sim, com ética, mas também com distribuição de renda, emprego digno, saúde e educação públicas de qualidade. Sem a valorização do professor, profissional do qual todos nós dependemos, porque sem ele ninguém se torna médico, advogado ou engenheiro, não se constrói a verdadeira e duradoura democracia.
Outra lição que nos chama a atenção aos analisarmos os fatos ocorridos em 2012 foi o grande crescimento das abstenções nas últimas eleições municipais. Nunca tanta gente votou nulo ou em branco numa eleição eletrônica. Isso demonstra a frustração do povo brasileiro com os eleitos para representá-lo e a falta de crédito da classe política. É sinal que o Brasil precisa, urgentemente, de uma reforma político-partidária ou de novos representantes, fiéis aos interesses do trabalhador. Porque entra ano, sai ano, nossas pautas continuam travadas nas comissões do Congresso, que não vota a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas sem redução do salário, que não aprecia a reforma da Previdência e o fim do fator previdenciário e tantas outras questões que afetam diretamente a vida da classe trabalhadora. É preciso pensar alternativas para a falta de representatividade dos movimentos sindical e trabalhista na Câmara Federal, Senado, Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores. Não podemos continuar reféns de um Congresso que não se sensibiliza com as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores brasileiros. Com certeza, em 2013, encontraremos, juntos, soluções eficazes para esse impasse.
2012 foi o ano também da inauguração da sede própria da Força Sindical do Rio de Janeiro, sonho há muito perseguido por todos nós e finalmente concretizado, para melhor organização de nossa base e de nossas lutas. Foi também o ano de lutas importantes, nem sempre vitoriosas, mas que demonstraram nossa capacidade de intervir nas mais variadas frentes e de somar de forma positiva na construção de dias melhores para o povo brasileiro.
Francisco Dal Prá
Presidente da Força Sindical RJ