Mil metalúrgicos foram demitidos em Campos em 2015
20 de agosto de 2015
Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (20) pelo IBGE, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país subiu acima das expectativas e foi a 7,5% em julho. Trata-se do 7º avanço consecutivo e o maior patamar registrado desde março de 2010, que era de 7,6%. Para meses de julho, é a maior taxa desde 2009 (8%).
O aumento foi de 2,6 pontos percentuais na comparação com os 4,9% verificados no mesmo mês de 2014, indicando rápida deterioração do mercado de trabalho. Em junho, a taxa estava em 6,9%, segundo dados do IBGE.
Mas o aumento na taxa de desemprego não surpreendeu o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campos, São João da Barra e Quissamã, João Paulo da Costa Cunha, que participou ontem (19) do programa ‘Debate Diário’ na TV e Rádio Diário, em Campos dos Goytacazes. Na entrevista, um dia antes da divulgação da pesquisa do IBGE, João Cunha afirmou que, do início de 2015 até agora, já são quase mil demissões.
“A categoria dos trabalhadores metalúrgicos, em especial no Estado do Rio de Janeiro – que é pioneira na indústria metal mecânica, na construção naval, na metalurgia – está vivendo um momento muito difícil. O número é superior a mil demissões, se considerarmos as rescisões que não passam pelo Sindicato, pelo fato de o trabalhador ter menos de um ano na empresa”, disse João Cunha, também secretário da Força RJ para a Região Norte/Noroeste do estado, destacando que quatro grandes empresas na região fecharam as portas, sem ter condições de pagar as verbas rescisórias. Para minimizar a situação, com apoio da Federação dos Metalúrgicos RJ, cestas básicas foram doadas aos trabalhadores.
Durante a entrevista, o dirigente sindical avaliou o cenário econômico do país que, segundo João Paulo Cunha, está devastando todas as categorias. No entanto, os efeitos são mais perceptíveis na região Norte e Noroeste do Rio de Janeiro. “Toda a cadeia produtiva que gira entorno da Petrobras vem se dissolvendo. A maioria das empresas metalúrgicas da nossa região demandava serviços direta e indiretamente para a Petrobras. E em função da crise do petróleo e do “mar de lama” de corrupção na empresa, ela vem diminuindo investimentos e demitindo pessoas, além de estar transferindo investimentos para o exterior, como China e Singapura, onde a mão de obra é mais barata”, ressaltou.
Como exemplos da crise que o setor atravessa, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campos e Região citou os módulos da Plataforma P-67 e P-70, que seriam construídos no Porto do Açu, em São João da Barra, mas que estão indo para a China. “Com isso, será menos mão de obra a ser contratada. As riquezas ao invés de ficarem na nossa região, no nosso país, estão indo para o exterior”, lamentou.
A reportagem do jornal O Diário entrou em contato via e-mail e telefone com a assessoria de comunicação da Petrobras, mas a informação é de que a companhia não se pronunciará a respeito.
“Fundo” é única alternativa
João Paulo encara a antecipação de recursos dos royalties – aprovada na última segunda-feira (17), na Câmara Municipal de Campos – como a única alternativa para superar a crise econômica que afeta todo o país. “Acredito que essa medida vai reaquecer a economia no nosso município e naqueles que estão adotando essa medida. Entretanto, a nossa maior preocupação é com a Petrobras. Será que ela irá cumprir com o que está estabelecido na Lei de Conteúdo Local, já que há algum tempo vem descumprindo e transferindo investimentos para o exterior? Se a construção desses módulos de plataforma permanecessem aqui, seria diferente. Mas, infelizmente, a nossa indústria está enfraquecendo por falta de investimento”, criticou o líder sindical.
Por Rose Maria, Assessoria de Imprensa.
Com IBGE e o jornal O Diário.
Foto: Arquivo Força RJ
Marcelo Peres
Secretaria de Imprensa e Comunicação
Força Sindical do Estado do RJ